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sábado, 26 de fevereiro de 2011

O Rubaiyat de Omar Khayyam


Um jardim, uma mulher, vinho,/ Meu desejo e minha amargura:/ Eis o meu Céu e o meu Inferno./ Mas quem já viu o Céu e o Inferno?
Omar  Khayyam
 Quem abre pela primeira vez o Rubaiyat e lê os versos das três primeiras quadras não ficará indiferente ao estilo direto e sem rodeios do autor, quando escreve: Sabem todos que nunca/ Murmurei uma prece./ Sabem todos que nunca/ Escondi meus pecados. // Ignoro se realmente/ Existe uma Justiça/ E uma Misericórdia./ Nada temo no entanto. // Nada temo. Antes, nelas, / Se é que existem, confia/ Minh’alma, porque sempre/ Fui um homem sincero (1, p. 11).
 O Rubaiyat é uma das composições literárias mais famosas da literatura legada ao mundo pelo Oriente. Seus versos foram escritos por Omar Khayyam, cujo nome completo era Ghiyáthuddin Abulfath Omar bin Ibráhim Al-Khayyámi, que nasceu e faleceu em Nishapur, província de Khorassan, na Pérsia (c. 1050 – c. 1123).
 Omar Khayyam ocupou a função de diretor do observatório astronômico de Merv, tendo se dedicado ao estudo da matemática e da astronomia. Escreveu vários tratados, um dos quais, sobre álgebra, se tornaria um clássico, tendo sido traduzido no Ocidente. Foi também responsável pela reforma do calendário muçulmano.
 Embora tenha se tornado conhecido sobretudo como matemático e astrônomo, Khayyam se destacaria também na poesia, adotando as quadras epigramáticas como estilo literário. Foi nesse estilo que escreveu o Rubaiyat, sua composição poética mais famosa. Rubáyyát é o plural de rubay, quadra em persa. Deve-se a primeira tradução em uma línguan ocidental ao austríaco Joseph von Hammer-Purgstall (1774-1856). Em 1857, foram traduzidos para o francês por Nicolas. O inglês Edward Fitzgerald (1809-1883), ao lê-la, encantou-se com os versos de Khayyam, e resolveu também traduzi-los. A partir de então, o poeta persa ganharia seguidas traduções em outros países e línguas, inclusive no Brasil, onde foi feita uma tradução por Otávio Tarquínio em 1955, publicado pela editora José Olympio.
 O poeta brasileiro Manuel Bandeira também se encantou com os versos do poeta persa e, para felicidade nossa, resolveu traduzi-los para a língua portuguesa. Para tanto, tomou como referência a tradução francesa de Franz Toussaint, de 1923, por considerá-la mais fiel ao texto original, se comparada com a de Fitzgerald. Em 2001 a Ediuouro fez uma edição do texto traduzido por Bandeira. É uma belíssima edição, com capa dura e sobrecapa, além do texto  emoldurado por arabescos.
 Nos versos do Rubaiyat tudo recende a hedonismo. O que importa é viver o presente, fruir o momento, mas vivê-lo bem, pois a vida é fugaz e dela nada se leva, uma vez que não se tem garantia de que exista vida no além. O livro é belíssimo, principalmente para aqueles que gostam de poemas e que amam a vida e sua essência.

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